quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ode a todo dia

Tap tap tap
Num impulso egoísta, no ritmo da música
os dedos movem-se com a melodia
a boca sussurra palavras incompreensíveis
sobrancelhas movem-se com emoção
longas notas potentes
notas não ouvidas

Tap tap tap
Ninguém se importa com a sua
vida ou o que quer esteja saindo do seu fone
a viagem é longa
e os passageiros
os passageiros são todos diferentes
todos com fones diferentes
e batidas diferentes
e celulares importados comprados
em doze parcelas
de dezenove e noventa e nove
no cartão
da c&a

Tap tap tap
As pessoas vibram com a poesia do movimento
sem precisar de fone algum
frente, trás, desespero
penduradas perdidas levadas
na música

o agudo na parada
abriu a porta
ritmo de pés
pés
o ronco, o ritmo das marchas
primeira
segunda
terceira
quarta-feira
a dança em volta das cadeiras, a disputa
e a culpa e os velhinhos e grávidas
e as cabeça viradas em direção a janela fitando o nada

Tap tap
cabeças viradas em direção a janela fitando o nada
pessoas pessoas que não sabem pra onde onde vão
mas mesmo assim sabem exatamente onde descer
pessoas que acham que pensam
pensam que acham que pensam
que fazem que não merecem que usam
que compram que são
mas no ônibus

não vão a lugar algum.
 

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